Ali era o barbeiro real. Todos os meses, um carro chegava à sua casa para levá-lo ao palácio onde cortava o cabelo real ao rei.
Os amigos de Ali riam dele:
— O rei deve ser generoso. Um bandulho grande é um sinal de prosperidade.
Ali unia-se aos seus amigos no riso. Mas era um homem preocupado, porque o seu bandulho se tornava cada vez meirande.
A sua mulher levou-o para um médico que fez a Ali uma revisão completa.
— Não gosto desta barriga. É grande demais —disse o doutor, a mexer na cabeça.
— Por que está a medrar daquela? —perguntou a mulher de Ali.
— É porque Ali tem um segredo na sua cabeça —explicou o doutor—. Isso afetou a sua barriga.
— Se contar o segredo a outra pessoa, reduzirá a pressão sobre a sua barriga —disse o doutor.
Depois de voltar à casa, a mulher quería saber o segredo de Ali.
— Não posso dizê-lo —disse Ali, a olhar para ela todo impotente—. Prometi que não o diria a ninguém, nem sequer à minha mulher.
A mulher estava agora preocupada. O seu marido cumpria a sua promesa, mas o bandulho continuava a medrar. Ela tinha medo que nesse ritmo simplesmente estoupasse algum dia!
— Faz uma cousa —disse a mulher—. Não digas o segredo a ninguém, nem sequer a mim. Vai a um sítio solitário, tem certeza de que não esteja ninguén e conta o segredo. Uma vez que o segredo estiver fora da tua mente, a tua barriga encolherá.
Ali gostou da ideia. Saiu de madrugada da casa e foi para os arredores da cidade. Olhou à esquerda e à direita. Não havia ninguém por ali. Mas queria ter cuidado. Viu uma enorme árvore com um grande burato. O seu rosto iluminou. Meteu a cabeça no oco da árvore e berrou algo forte. Sentiu-se melhor. Berrou de novo. Sentiu-se melhor ainda. Berrou mais umha vez no oco da árvore. Sentiu-se leve na cabeça. O seu bandulho encolheu até ficar do tamanho normal.
Ali voltou à casa. A sua barriga estava ligeirinha. O segredo estava fora da sua mente, mas ainda era um segredo, do que ninguém sabia nada.
Ou isso pensava ele...
Anónimo