O rajá Mucha governava um pequeno reino à ourela dum rio. Um dia, da que dava um passeio pela beira do rio, não tendo mais nada para fazer, ficou a olhar o rio fluir em silêncio. Como as águas do rio, os seus pensamentos também fluiram contra o leste.
Mais para baixo, no rio, estava o reino vizinho do rajá Chota, o seu primo e rival. O fluxo do rio contra o reino vizinho fez com que o rajá Mucha se anojasse muito. Virou-se para o seu ministro e fez-lhe uma pergunta.
— Este río flui para o reino do rajá Chota?
O ministro, avezado às estranhas perguntas do rei, disse:
— Flui, meu senhor.
— Impede que este rio flua para baixo —gritou o rajá Mucha—. Não quero que o meu arquinimigo se aproveite do rio.
O rei era conhecido pelo seu temperamento e o ministro tinha medo de discutir com ele.
— Hei-tè dar vinte e quatro horas para deteres o rio —disse-lhe o rajá Mucha mentres se afastava de ali.
O ministro mostrou-se cauteloso. Se se detivesse o rio, o rajá Chota contratacaria. Tinha um exército muito maior. O ministro tomou a decisão de evitar a guerra entre os dous vizinhos.
Nessa noite, mandou chamar pelo guardião do tempo do palácio. O seu trabalho era soar um gong a cada hora. O ministro deu instruções ao guardião do tempo para que soasse o gong a cada meia hora.
— Fá-lo tu mesmo, não nenhum dos teus serventes. E não fales disto com ninguém —deu-lhe instruções o ministro.
Nessa noite, às nove horas, o rei foi-se deitar. Aginha adormeceu. Teve um sonho em que o seu primo, o rajá Chota, toleava e lhe turrava o cabelo porque o rio não entrara no seu reino.
Pouco depois, o rajá Mucha Raja escutou os sons do gong: um, dous, três, quatro, cinco, seis. Saltou da cama. Eram as 6 horas em ponto, hora de se erguer.
O rajá Mucha, como era o seu costume, olhou pela janela para fora. Para sua surpresa, estava bastante escuro! Imediatamente mandou chamar pelo ministro.
— Por que ainda está escuro a esta hora? —espetou-lhe o rajá Mucha.
— É porque o sol não entrou no nosso reino, maharajá —disse o ministro.
— E logo, por quê? Todos os dias, quando dão as seis horas, o sol está no céu —disse o rajá Mucha.
— Maharajá, o sol viaja de leste para oeste. O reino do rajá Chota fica ao leste do nosso reino. O sol chega primeiro ao seu reino e depois desce ao nosso reino —explicou pacientemente o ministro.
— Por que não fez o sol assim hoje? —perguntou o rajá Mucha sem muita paciência.
— Maharajá, o rajá Chota deveu impedir que o sol entrasse no nosso reino —disse o ministro.
— Impossível! —berrou o rajá Mucha.
— Maharajá, se podemos evitar que o rio flua para o seu reino —disse o ministro—, certamente, o rajá Chota possa evitar que o sol entre no nosso reino.
— Ceiva o rio —gritou o rajá Mucha—. Imediatamente!
— O teu desejo é a minha ordem, maharajá —disse o ministro inclinando-se ante o rajá Mucha.
O rajá Mucha sentiu-se aliviado quando apareceu o sol cabo dum par de horas.
Naturalmente, o sol aparecera à súa hora habitual, mas o rajá Mucha nunca se inteirou do truque que fizera o ministro com a ajuda do guardião do tempo.
O ministro estava feliz de ter evitado uma guerra entre os dous reinos. E o rio continuou a fluir tranquilamente contra o leste.
© Anónimo
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