Era daquela que a raposa convidou a cegonha a cear na casa dela. A cegonha foi. A raposa fez papas de milho para a ceia e espalhou-as em riba duma pedra, e a coitada cegonha nada pôde comer, e até machucou muito o seu grande bico. Mas a cegonha procurou um meio de se vingar.
Daí a pouco, foi à casa da raposa e disse-lhe:
— Comadre, tu no outro dia obsequiaste-me tanto, dando-me aquela ceia, que agora é a minha vez de tě pagar na mesma moeda: venho convidar-te para ires cear comigo. Vamo-nos embora, que o prato está ainda quente.
A raposa aceitou o convite e foram-se ambas.
Ora, a cegonha prepararou também papas de milho e botou-as dentro dun jarro de pescoço estreito. A cegonha metia o bico e, quando o tirava, via-se deleitada. A raposa, porém, nada comeu, e lambeu apenas alguma pinga que caiu fora do jarro.
Acabada a ceia, a cegonha disse à raposa:
— Isto, comadre, é para tu não quereres ser mais sabida que os outros.
© Esopo
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